Como lidar com a altitude durante viagens

Quando fiz meu mochilão pela América Latina, eu nem pensei em me preparar para encarar a altitude. Nunca tinha estado em um lugar tão alto quanto o Deserto do Atacama, mas pensei que seria uma aventura como qualquer outra. Percebi que isso seria um problema quando estava dormindo em um jipe no meio do deserto e acordei com falta de ar. Vi que estávamos subindo cada vez mais e bateu aquele desespero de não conseguir respirar e ver a situação ficar cada vez pior. Mas calma, não precisa ficar desesperado como eu fiquei!

Quando você vive em um lugar próximo ao nível do mar e viaja para um lugar muito alto, é comum sentir falta de ar, dor de cabeça, tontura e enjoos. Esses são os sintomas do que os peruanos chamam de soroche, o mal de altura. O ar rarefeito acelera os batimentos cardíacos e a respiração para fazer o corpo se habituar às novas condições, por isso a sensação de falta de ar pode ser grande. Mas então o que fazer para não se sentir mal?

1. Deixe seu corpo se acostumar

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Se você vai viajar logo de cara para um lugar muito alto, não vá fazer logo no primeiro dia um passeio super longo no qual você precise fazer muito esforço. Use o primeiro dia para caminhar pela cidade e ver como seu corpo reage. Deixe para fazer os passeios longos a partir do terceiro dia, quando você já estiver acostumado.

2. Prepare-se para a viagem

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Além de levar itens como água, protetor solar (acredite, se você tiver a pele sensível como a minha, vai ficar queimado mesmo passando filtro solar fator 50) e protetor labial, é interessante fazer exercícios físicos antes da viagem. Se sua viagem for de carro e sem grandes aventuras, isso não é tão indispensável, mas se você quiser conhecer o Atacama de bicicleta ou se você pretender subir a montanha de Huayna Picchu, no Peru (a montanha que fica atrás de Machu Picchu), o preparamento físico é bem importante. Das 400 pessoas que se aventuram a subir a Huayna Picchu todos os dias, pouquíssimas chegam até o topo, que tem 2,720 metros de altura. São muitos degraus e uma subida bem exaustiva que requer bastante preparo.

Minha experiência: meu preparo físico é ok, não faço academia nem nada do tipo, mas caminho bastante. Quando estive na Laguna Colorada, na Bolívia, dei uma corrida para subir uma colina e achei que ia morrer sem ar. Não façam isso, sempre caminhem devagar. Para tirar as fotos pulando então, nem se fala; cada pulo significava alguns bons segundos ofegando.

3. Beba chá de coca

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Flickr – CC BY 2.0 – Nick Jewell

O famoso chá de coca é o seu maior aliado em países altos. Ele é utilizado pelos povos andinos para minimizar os efeitos da altitude. Na Bolívia e no Peru, por exemplo, é muito fácil de encontrar lugares que vendam saquinhos com folhas de coca. Você tem duas opções: mascar as folhas ou fazer um chá com elas. Eu preferia fazer chá, porque a folha tem um gosto um pouco forte e deixa a língua adormecida. Para mascar, o ideal é pegar de 3 a 5 folhas e colocá-las no canto da boca. Para fazer o chá, coloque muitas folhas (afinal você quer fazer chá de coca, não água aromatizada) e aperte-as com uma colher para que elas soltem seu líquido. Também é muito fácil encontrar sachês de chá prontos ou até mesmo balas de coca.

4. Evite bebidas alcoólicas e cigarro

Você já ouviu falar que quando se bebe em um avião, fica muito mais bêbado e muito mais rápido? Isso é real e acontece também em cidades muito altas. As cervejas costumam ser mais fracas nesses lugares, porque com muito menos, você já sente os efeitos do álcool e pode ter sintomas não muito agradáveis. Então vale evitar – e evitar o cigarro também, já que ele atrapalha ainda mais a respiração.

5. Em último caso, compre remédios específicos

Se você acha que vai passar mal por causa da atitude, vale consultar um médico antes da viagem e pedir algum remédio para amenizar os sintomas. O Diamox (acetazolamida) é uma opção. Ele ajuda a regularizar a respiração, o que facilita a adaptação. Você pode também comprar os remédios no próprio país de destino, como as Sorojchi Pills, no Peru, que são remédios especificamente desenvolvidos para o combate ao mal de altura.

(Foto: Natália Grandi)

(Foto: Natália Grandi)

Escrito por Natália Grandi, jornalista e tradutora que ama conhecer novas culturas e viajar, seja com os livros ou com a mochila nas costas. É criadora de Conteúdo no WePlann.

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