Dia dos Mortos, a celebração mexicana para quem já faleceu

Sem dúvida alguma, o México é um país cheio de diversidade cultural, onde se mesclam cores, sabores, música e festa em todas as celebrações. Mas o mais importante em cada uma delas é o significado especial que dá sentido à toda tradição.

Sabe a fantasia de caveira mexicana, tão usada em festas aqui no Brasil? Ela é inspirada no Día de Muertos (Dia dos Mortos), que acontece nos dias 1 e 2 de novembro. Essa é uma celebração que tem suas raízes na época pré-hispânica, na qual as pessoas comemoram os entes queridos que já faleceram. É uma data especial porque não se trata de ter medo deles, mas sim de alegrar-se por tê-los conhecido e por saber que em algum momento haverá um reencontro. É um ato para recordá-los e honrar sua memória.

Foto: Flickr | (CC BY 2.0) | uteart

Assim como é tradição decorar árvores no natal, no Dia dos Mortos é tradição montar um altar dedicado aos falecidos, sendo que as mais importantes são:

• Fotografias dos mortos.
• Velas ou círios.
• Imagens de Jesus e de alguns santos, assim como uma cruz de madeira.
• Comida: tamales (massa de milho cozido recheada), mole (molhos em geral), “pão dos mortos” (que tem adornos em forma de ossos), frutas, doces como jamoncillo (parecido com doce de leite), doce de abóbora e os alimentos que eram os preferidos dos falecidos.
• “Calaveras” (doces em forma de crânio) de açúcar e chocolate, que têm o nome da pessoa falecida colado em uma etiqueta na testa.
• Copo d’água. Também podem ser incluídos cigarros e bebidas como o pulque, mezcal ou tequila.

Foto: Wikimedia Commons | (CC BY-SA 3.0) | Salvador alc

Tudo isso é colocado sobre uma mesa, decorada com toalhas cheias de papel recortado com figuras de esqueletos e caveiras, representando a alegria da festividade. Ao redor do altar é colocado um arco de flores cor de laranja, chamadas “flores de cempasúchitl”, que, segundo a crença, atraem e guiam as almas dos mortos, já que simbolizam a luz do sol. Acredita-se que cada flor representa uma vida e, no caso de quem morreu, significa que essa pessoa ainda tem um lugar ali e que não foi esquecida pelos seus familiares e amigos.

É importante não comer os alimentos que estão no altar até que as datas da celebração tenham passado, pois a crença diz que essa comida é para os mortos que vêm visitar as pessoas nesses dois dias. Acredita-se que as almas das crianças que morreram chegam em 1º de novembro e as dos adultos, no dia 2.

Nessa época também é muito comum que os cemitérios sejam visitados pelas pessoas, que deixam flores e orações aos falecidos. A flor de cempasúchitl, por ser a flor da época, enche os caixões com a cor laranja, criando uma paisagem realmente muito bonita.

Foto: Wikimedia Commons | (CC BY-SA 4.0) | AlejandroLinaresGarcia

Nos dias 1 e 2, as pessoas costumam ir aos jazigos durante a noite para honrar a memória dos defuntos, mas não de forma triste ou assustada; eles fazem uma celebração na qual levam flores, velas e até mesmo violões para cantar. É uma experiência muito bonita, como se, só por uma noite, os vivos e os mortos pudessem se reunir e celebrar da forma que fizeram em tempos passados, durante os momentos que viveram juntos.

O personagem mais importante dessa tradição é a “dama da morte”, mais conhecida como “La Catrina”, uma caveira do sexo feminino. Muito bem arrumada, com roupas e jóias extravagantes e um chapéu muito chamativo, ela é a figura que representa essa tradição por excelência.

Foto: Flickr | (CC BY-NC-ND 2.0) | Hagens_world

As “calaveritas” são outro componente importante. São elas rimas humorísticas (de pessoas ainda vivas) com versos nos quais a morte brinca sobre alguma característica de uma pessoa específica, explicando a razão pela qual ela será levada para a túmulo. Também existem as famosas lendas; em todas as regiões do México, por maiores ou menores que sejam, você sempre poderá encontrar alguma. Entre as mais comuns, podemos encontrar as que dizem sobre “La Llorona” (a chorona), “La viuda negra” (a viúva negra), “Los nahuales” e “Los chaneques” (criaturas folclóricas), entre outras.

Como você pode ver, o Día de Muertos é uma tradição muito significativa. É uma celebração cujo ponto principal é prestar homenagem e demonstrar amor pelas pessoas que não estão mais entre nós.

Traduzido por Natália Grandi, jornalista e tradutora que ama conhecer novas culturas e viajar, seja com os livros ou com a mochila nas costas. É criadora de Conteúdo no WePlann.