Aladdin na Broadway: uma versão fiel do filme?
Músicas marcantes, uma história de amor atemporal – e um dos poucos ladrões que fez o público suspirar. Aladdin é um dos maiores clássicos da Disney e um dos grandes sucessos dos palcos da Broadway, em Nova York. Para mim, é uma das melhores opções de shows para brasileiros que visitam NYC e uma opção certeira para quem quer conhecer a essência dos musicais da Broadway.
Filme da Disney x Musical
História e personagens
A história é a que você já conhece: um jovem pobre, que precisa roubar para comer, é convencido a entrar na “caverna das maravilhas” para pegar uma lâmpada mágica para Jafar, o conselheiro do sultão de Agrabah. No entanto, as coisas não saem como planejado e Aladdin se vê preso na caverna. Ao esfregar a lâmpada, ele se depara com um Gênio que pode lhe conceder três desejos. Seu maior desejo, no entanto, é algo que está fora da alçada deste ser mágico: fazer com que Jasmine, uma linda moça que ele conheceu na feira da cidade e que posteriormente descobriu ser a filha do sultão, se apaixonasse por ele. Nessa jornada, ele se vê dividido entre ser quem realmente é, correndo o risco de não ser aceito, ou se passar por outra pessoa, mas deixar sua verdadeira identidade de lado.
A base da trama é a mesma. Alguns fatores, no entanto, divergem entre as duas versões. O tapete mágico e o melhor amigo de Aladdin no desenho, o macaco Abu, simplesmente não existem na versão teatral. Eles foram substituídos por três personagens: Kassim, Babkak e Omar. Aladdin e seus três amigos são ladrões que querem ganhar a vida de forma honesta se tornando artistas de rua. Além disso, Iago, o comparsa de Jafar, não é mais um papagaio, e sim um humano.
À primeira vista, fiquei um pouco ressentida de não ver Abu e o Tapete. Afinal, eles eram partes essenciais do desenho! Mas realmente, faz sentido que seja assim. Na versão da Broadway de O Rei Leão, todos os personagens são animais, então você esquece que existe essa diferença entre ator e animal e tudo parece fazer sentido. Em Aladdin, como a maioria dos personagens são humanos, ficaria um pouco estranho ter só uma pessoa vestida de macaco, outra vestida de tapete e outra de papagaio.
A verdade é que essas mudanças foram absolutamente certeiras: Kassim, Babkak e Omar têm algumas das cenas mais divertidas do musical e você acaba se envolvendo com os personagens. Iago ficou incrível como ser humano. Ele foi pra mim maior surpresa do musical e o personagem que mais me fez gargalhar. Ah, e o tapete não foi totalmente esquecido; é claro que ele aparece na música “A Whole New World” (“Um Mundo Ideal” em português), mas apenas como parte da cena, e não como personagem.
No filme, Aladdin é o personagem principal. No musical, também – mas o Gênio rouba quase toda a atenção. Toda vez que ele aparece, é quase um espetáculo à parte. A construção do personagem, as falas e os números musicais são geniais (literalmente!) e os atores que interpretam esse papel são sempre absolutamente perfeitos para ele.
Músicas
Todas as canções do filme da Disney fazem parte do musical, com algumas adições para delinear melhor os personagens e introduzir os personagens novos. As novas músicas, como “Proud of Your Boy”, cantada por Aladdin, e “These Palace Walls”, cantada por Jasmine, foram criadas por Alan Menken com letras escritas por Howard Ashman (A Bela e a Fera), Tim Rice (O Rei Leão) e Chad Beguelin.
As músicas já conhecidas ganharam um toque especial com as coreografias e cenários. “A Friend Like Me”, cantada pelo Gênio, é um dos pontos altos do show. Além da performance energética que não deixa você desviar o olhar nem por um segundo, o número é cheio de efeitos especiais, mágicas e piadinhas internas (como trechos de músicas de A Pequena Sereia e A Bela e a Fera, já que essas também são produções da Disney).
Toda a grandeza da qual fala a música “Prince Ali” pode finalmente ser vista com os figurinos maravilhosos. “A Whole New World” também não deixa a desejar; nesse momento as luzes abaixam quando Aladdin e Jasmin voam no tapete, com um fundo de estrelas que dá um toque especial ao cenário. E falando em cenário, ele não é tecnológico como o de Anastasia, mas as cores são deslumbrantes (vide foto abaixo)!
Você pode ouvir toda a trilha sonora de Aladdin na Broadway no spotify:
Vale a pena assistir?
Já pensou como seria ouvir as músicas de um dos seus filmes preferidos Disney, mas dessa vez ao vivo e com um elenco de cantores sem igual. Ouvir todas essas vozes juntas, em coro, com cada nota arrepiando a sua espinha. Ver “Arabian Nights” com uma coreografia muitíssimo bem pensada, cheia de cores, com um cenário que te transporta para uma outra época. Ver tudo que você ama sobre o filme da Disney, mas em uma produção muito maior, com todos os elementos que fazem com que shows da Broadway sejam tão sensacionais. Imaginou? Então acho que você já sabe a resposta pra pergunta “vale a pena assistir?”. Sim!!
E nem digo isso porque sou uma Disney freak. Não é à toa que esse é um dos musicais mais assistidos por latino-americanos. A história você já conhece – o que facilita muito a compreensão, principalmente se você viaja com crianças. As músicas também – ou pelo menos parte delas. Você vai poder ver alguns dos personagens mais bem elaborados, como o Gênio, e performances sem igual. Esse é realmente um dos shows que eu mais recomendo para brasileiros indo a Nova York.
Escrito por Natália Grandi, jornalista e tradutora que ama conhecer novas culturas e viajar, seja com os livros ou com a mochila nas costas. É criadora de Conteúdo no WePlann.