Wicked, da Broadway, eleva o nível de exigência no teatro

O burburinho no Gershwin Theatre vai aumentando meia hora antes do espetáculo começar. Adultos, crianças, casais, idosos, adolescentes, jovens. O público variado entrega seus bilhetes e ocupa seus assentos. No palco, um dragão e um mapa chamam a atenção. A cidade central, The Emerald City, brilha em tons de verde e dourado. A cenografia dá o tom do musical que está por vir. Com capacidade para acomodar mil e novecentas pessoas, o teatro aparenta estar completamente lotado. A luz esmaece e Wicked ganha vida. Essa é a história não contada das bruxas de O Mágico de Oz, de L. Frank Baum.

Considerado um dos musicais de mais aclamados da Broadway, também é vencedor de mais de 100 prêmios internacionais. Entre eles, três Tony Awards e um Grammy – dois dos principais títulos no mundo do teatro e na indústria musical, respectivamente. Baseado na novela de Gregory Maguire, autor conhecido por recontar clássico infantis, Wicked oferece aos espectadores a chance de conhecer a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Sul antes de Dorothy ser transportada para terra de Oz.

Elphaba jamais fora malvada, ao contrário do que a obra de Baum nos faz acreditar. Brilhante e temperamental, sempre foi rejeitada por ter a pele verde. A sua aparência incomum a torna um constante alvo de piadas e olhares tortos. Somente ao ser pareada com a garota mais amada do colégio para dividir um dormitório, começa a ser vista com outros olhos. Ambiciosa e de beleza estonteante, Glinda é a primeira pessoa a enxergar Elphaba além de sua superfície. Embora pareça improvável, nasce uma sólida amizade entre elas, que mudará seus destinos para sempre. Surge assim, a bruxa má e a bruxa boa.

Wicked

Capaz de provocar gargalhadas e lágrimas, o musical traz um roteiro moderno que dialoga com a realidade dos jovens de hoje em dia. Das falas à linguagem corporal, a dramaturgia ironiza os estereótipos da menina popular e da excluída facilmente encontrados nas escolas. Além da emoção, Wicked gera uma reflexão atemporal da incessante busca por um inimigo comum. O espetáculo é o tipo de entretenimento inteligente e passível de agradar a qualquer idade.

A trilha sonora composta por Stephen Schwartz, por sua vez, complementa a magia do musical. O timbre operesco e agudo de Glinda e o tom grave de Elphaba, combinados à melodia impecável produzida por uma banda ao vivo, arrepiam o público. Não há quem não tente cantar junto, mesmo que não saiba a letra. Ao final de cada número, que conta com danças perfeitamente sincronizadas, um elenco mais do que qualificado e uma produção de ponta, chovem palmas e assobios.

“Popular”:

“Defying Gravity”:

Wicked faz jus a desejada ‘experiência Broadway’ por si só. No entanto, conhecer o Gershwin Theatre arremata a vivência. A casa, que estreou o musical em 2003, também foi palco para espetáculos como The King and I e Showboat. Nomeado em homenagem a um dos maiores compositores norte-americanos George Gershwin e um dos maiores letristas, seu irmão Ira Gershwin, o local conta com um Hall of Fame (corredor da fama) que mostra fotografias das estrelas da companhia. Fundado em 1972, este é um dos nove teatros da Broadway, da The Nederlander Organization.

Na saída, um letreiro em cima da porta alerta: “Você está saindo de Oz agora. A realidade está a sua frente. Dirija (ou voe) com cuidado”. Garanto que, assim como eu, quem viu o musical não vê a hora de assistir a todos os outros da Broadway.

Como é proibido tirar fotos, veja como o teatro é por dentro:

Ah, e uma dica de ouro: garanta seu ingresso com antecedência porque os espetáculos são muito disputados!

Escrito por Isabella Giordano. Cidadã do universo, jornalista e escritora, que ama qualquer tipo de viagem e comida. É criadora de Conteúdo no WePlann.

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