Novo sucesso da Broadway: entrevista com autores e ator de Come From Away

Come From Away não é o típico musical da Broadway. A produção é simples – aspecto indispensável para proporcionar a vibe incrível de união e alegria ao musical. E é exatamente isso que vem atraindo públicos de todo o mundo a Nova York. Se você ainda não conhece o musical, confira este post no qual eu conto todos os detalhes sobre Come From Away. Nós te contamos por que você, brasileiro, deve assistir esse show quando for a NYC!

Para trazer esse mundo de gentileza para mais perto e mostrar toda a energia que Come From Away tem, eu fiz três entrevistas exclusivas com membros do elenco do espetáculo. Conheça Caesar Samayoa (ator), David Hein e Irene Sankoff (autores e criadores).

Caesar Samayoa, ator de Come From Away, musical da Broadway, Nova York

Caesar Samayoa, ator de Come From Away

Caesar Samayoa, que interpreta Kevin J., Ali e mais três personagens no espetáculo, já participou de várias peças on e off Broadway. Ele nos contou um pouco qual é a sua relação com o musical e como ele mudou sua vida:

Conte um pouco sobre a sua experiência em Come From Away.

CAESAR: Come From Away tem sido uma experiência transformadora. Algo aconteceu logo na pré-estreia. A reação do público foi extraordinária. As pessoas pularam dos seus assentos e havia uma sensação entre nós de que algo elétrico tinha acabado de acontecer. Três anos depois, eu viajei o mundo e conheci incontáveis celebridades, políticos e presidentes. Mas no centro de toda essa maravilha está uma linda história de pessoas simplesmente sendo generosas umas com as outras em um momento de grande necessidade. De fato, é ISSO que está ganhando elogios. Um simples lembrete de que SIM, nós nos importamos uns com os outros e queremos ajudar. Uma mensagem da qual eu me orgulho de participar todas as noites.

Como Come From Away tem sido diferente das suas experiências anteriores na Broadway?

CAESAR: A Broadway é o sonho e as minhas experiências aqui têm sido maravilhosas. Mas Come From Away criou um tipo diferente de experiência entre os atores e o público. Eu nunca vi os espectadores reagirem dessa forma antes. Todas as noites, nós estamos contando a história da bondade que surgiu de um dos dias mais trágicos da nossa história, e estamos compartilhando isso com o público. Eles são realmente nossos parceiros de cena. Eles se tornam parte da história, sentem os altos e baixos, as alegrias e tristezas que cada personagem está sentindo. É uma experiência linda.

Nós também estamos contando histórias de pessoas reais, por vezes até usando suas próprias palavras, pessoas que nós conhecemos e das quais nos tornamos bons amigos. Há um grande senso de responsabilidade e eu quero honrar cada pessoa cuja história estou contando. Nossa porta de palco também é muito diferente. Fãs esperam e compartilham suas experiências do 11 de setembro conosco, entre eles enfermeiros, bombeiros, policiais, nova-iorquinos. Nós conhecemos pessoas que passaram por experiências parecidas. É uma honra.

Por que você acha que o público latino-americano deveria ver o show?

Cena do musical Come From Away, da Broadway, em Nova York, em que uma jornalista reporta a notícia do 11 de setembro.

CAESAR: Nós estamos em um clima no qual nossos canais de notícias nos inundam com o pior que as pessoas podem fazer umas às outras. Na nossa essência, eu acredito que tudo que queremos é ajudar uns aos outros, independentemente do tipo de notícia que vende. Esse show é um lindo lembrete que um simples ato de gentileza pode mudar a vida de alguém! Uma mensagem universal com a qual eu acredito que todos nós concordamos, sem importar de onde viemos. Na verdade, eu diria que nosso show é uma celebração da humanidade, acolhendo todo tipo de cultura, etnia, sexualidade, crença. São todos representados no nosso palco. Eu conheci pessoalmente espectadores de todas as partes do mundo que vão embora com uma mensagem de gentileza. É lindo.

Come From Away tem uma mensagem de união e empatia. Sua vida melhorou nesses aspectos desde que você entrou no elenco?

CAESAR: Minha vida mudou de forma significativa desde que eu entrei no show. Não há outra coisa a fazer senão levar essa mensagem com você e incorporá-la na sua vida. Agora eu dedico mais tempo para as alegrias ao meu redor. Eu tiro mais tempo para ficar com amigos, família e desconhecidos. Olhar para alguém que eu talvez não conheça e dizer “oi” ou oferecer ajuda. Você nunca sabe como um simples ato de gentileza pode mudar a vida de alguém. Começa um efeito dominó. Você quer mudar a sua vida? Seja um farol de gentileza para outros. Ajude os outros. Eu garanto que você nunca vai se arrepender.

Você se emociona ou chora durante o show? Se sim, como lida com isso?

CAESAR: Nós estamos contando uma história que lida com um dos dias mais brutais da nossa história. Sim, há momentos em que a minha emoção toma conta de mim, mas eu sempre lembro do que nosso brilhante diretor Christopher Ashley disse: “Se você chorar, você está roubando essas emoções do público. Apenas conte a história e deixe os espectadores decidirem por eles mesmos”. Nessas situações, eu volto a focar na história que estou contando. Isso me faz continuar. Mesmo que nosso show incorpore momentos do 11 de setembro, ele é sobre a semana seguinte daquele dia. Há uma quantidade enorme de alegria e humor na nossa história!

David Hein e Irene Sankoff, criadores de Come From Away, o musical da Broadway, em Nova York

David Hein e Irene Sankoff

Irene Sankoff e David Hein são os autores do livro, das músicas e letras de Come From Away. O casal de canadenses morou em Nova York e vivenciou de perto a tensão do 11 de setembro. Confira o que eles disseram sobre este show que conta a história das 16 mil pessoas que eles entrevistaram para escrever o livro:

IRENE: Para mim, foi importante fazer deste show uma história global porque foi realmente o mundo todo que pousou em Gander. Os aviões tinham refugiados, norte-americanos que estavam preocupadas com pessoas que deixaram em suas cidades, pessoas de toda a Europa. Foi realmente extraordinário ter tantos tipos diferentes de pessoas em um lugar tão pequeno após um estresse tão grande.

Eu estou muito empolgada para que o show viaje para lugares diferentes porque quando nós estávamos em Winnipeg, eu pensei “cá estamos nós em um lugar no qual as pessoas não têm nenhuma conexão com aquele dia”. E eu estava muito errada. As pessoas tinham tantas coisas para dizer, tantas conexões com a tragédia e suas próprias histórias sobre ficar preso em algum lugar… E eu fico muito feliz que as pessoas possam ver essa história de esperança e luz a partir de um trauma.

Cena do musical Come From Away, o musical da Broadway, em Nova York. Nela, atores cantam e celebram juntos.

DAVID: Nós tentamos contar essa história global que reflete como todos nós nos sentimos naquela época. Pessoas de todas as partes queriam fazer algo para ajudar. Parece mais relevante do que nunca acolher desconhecidos que chegam em aviões, responder a tragédias com gentileza para superar as coisas que nos dividem. Isso é algo universal, algo com que nós todos estamos lidando.

Há algo realmente único sobre o jeito que nós apresentamos o show. São histórias contadas diretamente para o público. A banda fica no palco e se junta ao elenco. Há algo refrescante sobre a música tradicional que de repente surgiu nos palcos da Broadway de uma forma nunca vista antes. Parece novo, vivo, e você se sente parte da história que está sendo contada.Há algo teatralmente mágico sobre atores mudando de um personagem para outro, indo de um lugar ao outro usando apenas 12 cadeiras.

Vai para Nova York? Não se esqueça de reservar seus ingressos para Come From Away com antecedência aqui!

Escrito por Natália Grandi, jornalista e tradutora que ama conhecer novas culturas e viajar, seja com os livros ou com a mochila nas costas. É criadora de Conteúdo no WePlann.

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